sexta-feira, 4 de abril de 2014

Milagres: uma busca por um entendimento equilibrado

As páginas da Bíblia estão repletas de histórias de milagres. Desde o Antigo Testamento percebemos o agir de Deus por meio de intervenções sobrenaturais e tremendas na vida de Seu povo. No Novo Testamento os milagres se multiplicam, em forma de curas, livramentos, ressurreição de mortos e outras maravilhas operadas diretamente pelas mãos do Senhor Jesus ou por meio dos discípulos, em nome de Cristo. E hoje, os milagres continuam a acontecer? Ou eles são coisa do passado, acontecimentos extraordinários que não se veem desde os anos iniciais da igreja?
 
Não existe uma resposta consensual para essa pergunta. Há fortes controvérsias a respeito da existência ou não de milagres nos nossos dias, e quanto ao modo como Deus intervém no curso dos acontecimentos na atualidade. Aqui procuraremos apresentar brevemente três pontos de vista antagônicos sobre o assunto, a saber, o católico romano, o neopentecostal e cessacionista. Por fim defenderemos nosso ponto de vista, na tentativa de obtermos um entendimento equilibrado sobre o assunto, para a glória de Deus e benefício do povo cristão. Nesta oportunidade não comentaremos a opinião dos liberais, que negam a existência de milagres (inclusive os narrados na Bíblia!), deixando-a, quem sabe, para uma próxima postagem.
 
Na doutrina e prática católico-romana os milagres seriam coisa rara, mas ainda presente nos dias atuais. A realização de milagres se daria através da mediação de um santo, normalmente já falecido. Basicamente, o dever de todo cristão em situação adversa seria clamar à alma do santo de sua devoção, e este iria à presença de Deus como mediador em favor do devoto, apresentando o pedido de cura ou outra graça. Então, o Todo-Poderoso autorizaria o milagre. Por isso é comum se ver fieis católicos romanos propagando a devoção a santos e creditando a eles alguma graça. Também pela mesma razão a Igreja Católica Romana realiza a chamada “canonização” desses homens e mulheres considerados autores de milagres. Essa prática, que não glorifica a Deus e promove descarada idolatria, além de incentivar a invocação de mortos (que a Bíblia chama de abominação), obviamente deve ser repudiada por todos que temem ao Senhor.
 
Para os neopentecostais, milagres aconteceriam o tempo inteiro, mediante a fé. Para ver o extraordinário acontecer, os cristãos deveriam “determinar” aquilo que desejam, seja uma cura, um novo emprego, um livramento ou qualquer outra graça. Então, Deus, ao contemplar a fidelidade e a fé do crente, realizaria tudo que foi “determinado”. Em outras palavras, o cristão mandaria e o Senhor obedeceria! Nas igrejas neopentecostais faz-se grande publicidade em torno dos milagres, e campanhas são promovidas constantemente, a fim de que os frequentadores, membros ou não, busquem o sobrenatural de Deus. A cada nova campanha, distribui-se um envelope com o pedido de uma oferta. O valor da contribuição em dinheiro sempre é associado ao tamanho da fé. A consequência é a comercialização vergonhosa da graça de Deus. Certamente, os que praticam tais coisas não serão tidos por inocentes no dia do juízo!
 
O entendimento cessacionista é prudente e visa à glória de Deus. Os irmãos que o propagam, normalmente chamados cristãos protestantes tradicionais, creem que o tempo dos milagres seria coisa do passado. Outrora Deus operou, sim, maravilhas no intuito de despertar a fé do Seu povo, e também de revelar o Seu poder e graça, incentivando-o a prosseguir rumo ao alvo, mas aquele agir sobrenatural já teria cessado. Logicamente, os irmãos cessacionistas afirmam que a boa mão do Senhor continua operando hoje, através de Sua providência, a qual também traz curas, livramentos e diversas outras bênçãos. Respeitamos os irmãos que pensam dessa forma, reconhecendo que alguns dos mais sérios e fieis teólogos evangélicos fazem parte desse grupo. Porém, discordamos de sua opinião, que pode trazer desânimo aos crentes em situação de sofrimento. Deixamos também uma questão para reflexão: qual é o benefício para o cristianismo em se publicar livros e artigos afirmando que o Senhor hoje não faz os mesmos milagres que antes fazia?
 
Nós cremos que os milagres são bênçãos de Deus presentes em todas as épocas, e continuarão a acontecer até à segunda vinda do nosso bendito Senhor e Salvador Jesus Cristo. Reconhecemos com tristeza que hoje há muitíssima manipulação em torno deles, por parte de falsos mestres, sobretudo no meio neopentecostal. Pesarosos, notamos a idolatria dos católicos romanos, os quais tributam honra, glória e louvor a um sem-número de santos (ou pretensos santos, dependendo do caso), ao invés de adorarem ao único digno, o Deus Onipotente. Não negamos as boas intenções dos cessacionistas, que servem ao Senhor por quem Ele é, e não simplesmente no intuito de receber bênçãos. Mas não deixamos de orar por milagres, até porque a Bíblia não afirma que o sobrenatural de Deus só seria visto nas primeiras décadas ou séculos da igreja. E, para a glória do Senhor, temos constatado que Ele continua a realizar hoje proezas semelhantes às que os apóstolos presenciaram!

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